quarta-feira, 31 de dezembro de 2008

Feliz Ano Novo!

Último dia do ano de dois mil e oito. Ano de muitas, muitas realizações!
Mas façamos uma breve pausa: por que os homens desejam que o Ano Novo seja da forma "X" ou "Y"? Não, isso não está certo!
Acho que nós deveríamos dizer: "Desejo que o seu ano novo NÃO seja assim, nem assim, nem assim...". Ué, Douglas, dá no mesmo... Não, não dá no mesmo!
O ser humano é movido por instintos, desejos... E o nosso ego anseia pela realização de tais desejos. Quando fazemos planos que não são cumpridos, a sensação de frustração é inevitável...
Sem contar que é muito mais legal quando atingimos uma meta que sequer pensávamos que tal fato era uma meta em nossa vida... Diria já Paulinho Moska: "ENTÃO ME DIZ QUAL É A GRAÇA DE SE SABER O FIM DA ESTRADA QUANDO SE PARTE RUMO AO NADA?"
Partamos também nós rumo ao desconhecido. Não coloquemos metas tão exigentes em nossas próprias vidas. Deixemo-las acontecerem por si só!
Saiba o que você NÃO quer. Digo e repito: é a partir do instante em que você sabe o que você NÃO quer que a sua vida começa a tomar algum rumo. saiba quais itens deverão estar fora da sua vida na nova jornada. Ué, você tem mais 365 dias creditos na conta da sua vida. Se vc vive os 365 sem nada fazer, é problema seu. O saldo volta a zero!
Saiba delimitar quais coisas você não quer mais que façam parte de sua vida. Limpe a casa! Arrume o armário da sua vida... Tire tudo que é lixo, jogue os rascunhos fora, cara! Só deixe sobre a mesa folhas em branco, saiba que você é o escritor de sua vida! Não existe pré-determinação em termos de vida. É você quem escreve o próximo capítulo da sua vida.
A próxima novela está para começar em menos de 24 horas. Quem vai dita as regras é você! O vilão, a mocinha, a grávida, a puta, o fortão, a gostosa, o prefeito, todos os personagens dessa novela são seus! Aprenda a escrever!
Você pode não gostar de escrever, mas teve que fazê-lo algumas vezes na escola. E quanto à vida é ainda pior: ninguém te perguntou se você queria fazê-lo e ninguém vem a cada bimestre dizer se você está tirando nota azul ou vermelha... Nessa redação, você não tem borracha nem líquido corretivo. Apenas uma caneta! E diga-se de passagem: a caneta só tem UMA cor! O tom mais forte, mais fraco depende de como você pressiona a caneta frente à folha de papel...
Tá, tudo bem, todos erram... Mas não pegue a caneta e risque o seu erro. A folha vai ficar horrível com aquele borrão no meio da composição. É mais adequado que você, numa outra linha, diga o que você, de fato, queria dizer, só que agora com outras palavras, mais explicitamente.
Lembre-se: quem escolhe os personagens também é você! Só existe um grupo de pessoas as quais você não escolhe: família! Quanto a todas as outras, é sua função fazer a listinha!
Mas voltemos ao argumento: o critério para 2009 não é o da afirmação, mas o da negação. Não faça lista de metas para 2009, faça lista do que você quer que NÃO se repita em 2009!
Aí fica mais fácil: o que vier é lucro!
Se você exclui todas as opções ruins, só sobram boas e ótimas opções... kkk
Bem, fiquem com um texto muito profundo, de um escritor português, José Régio, que fala exatamente desse assunto:

Cântico negro
José Régio
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...
Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois, sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
Sei que não vou por aí!

quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Vivendo com persona

Oi. Meu nome é Pedro Luís. Sou brasileiro, solteiro e complexo. Tenho 27 anos. Não que minha idade seja avançada, mas certamente tem um peso na minha história de vidas que contarei aos leitores desse blog. Na primeira década do século XXI, eu levo uma vida grega! Grega porque minha perfomance diária é digna dos atores atenienses em épocas remotas...
Ah, eu não sou apenas eu! Eu sou eu e sou "ele"... "Ele" porque existem dois "pedros" num só! Olha, que espetáculo! Quando a platéia espera anciosa por minha atuação, eu entro com "persona", a máscara que me confere uma outra personalidade. E então eu falo, grito, converso, gesticulo, brinco, dou risada, corro, sofro, pulo, durmo e... E morro! Aproveito-me também, diariamente, da lição que nos trouxe a mitológica Fênix: eu sempre morro, para então renascer!
Afinal, hoje é Natal neh?! Pois é... Dia de morrer! Por mais que minhas palavras induzam o leitor a crer que estou volvendo-me louco por falar em MORRER no Natal. Mas, pensemos bem: morramos todos para renascermos! Ainda que das próprias cinzas!!! Enterremos nossos mortos, deixemo-los partirem, possamos dar-lhes o merecido descanso. E permitamos que renasça aquele fio belíssimo de esperança, verdinho verdinho, que se encontra lá dentro de nossos corações...
E quanto à persona, voltemos... É bem verdade que eu deveria ser um caso para o doutor Freud. Sigmund ficaria fascinado em analisar o meu caso. É por essas e outras que digo que algumas pessoas deveriam ser imortais... É... Alguns seres humanos como Sigmund Freud não poderiam morrer jamais! Entretanto, é a lei da vida! O circle of life, o ciclo da vida, como diria nosso amigo Simba...
Argumento, destarte, por um motivo muito simples: sofro de múltiplas personalidades! Não que eu mude meu humor com facilidade como alguns, irritantemente, o fazem. Lo que pasa es que pareço ter me viciado em leituras do tipo Dr. Jekyll and Mr. Hyde! Há vários indivíduos aprisionados aqui dentro... Há vários "pedros" que entram em conflito a todo instante... E confessar-lhes-ei: essa "síndrome de Fernando Pessoa" mata, ainda que aos poucos, mas mata! É um estranho e deprimente caso clínico.
Lembro-me, por um instante, do meu poema favorito: AUTOPSICOGRAFIA, do Pessoa. É um textinho pequeno, mas sempre me chamou a atenção. Observemos:
AUTOPSICOGRAFIA (F. Pessoa)
O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.
E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,
Não as duas que ele teve,
Mas só a que eles não têm.
E assim nas calhas de roda
Gira, a entreter a razão,
Esse comboio de corda
Que se chama coração.
Há duas dores no poeta. Ou seriam dois poetas para uma dor única? Enfim, fato é que essas duas "coisas" convivem aqui dentro. Brigam, com certa freqüência, vale dizer... Mesmo porque, como afirma Pessoa, há uma dor que o poeta NÃO tem. Essa dor, após ser criada, ela vai se tornando cada vez mais e mais real. Até que chega um ponto em que naturalidade e artificialidade (em termos de dor) se tornam conceitos indissociáveis. O poeta não distingüe se a dor que está sentindo naquele momento é a dele ou é a criada... E é bem verdade que, no fim das contas, ele acaba sofrendo por ambas!
E tem mais... Não é apenas a dor que é criada (e recriada). Os personagens também! Só que, após algum tempo, a persona não sai mais do rosto... A máscara gruda, com o suor da pele, no rosto do ator. E, a partir desse ponto, fica quase impossível que Mr. Hyde volte a ser Dr. Jekyll. Ele não consegue! As personalidades acabam se fundindo... E mais complexo: o ser que seria o misto entre Jekyll e Hyde ama e odeia chocolate. Os gostos, os ódios, os amores, os rancores, as paixões, as emoções, tudo se funde! Resulta que o estágio final desse "ser" não responde às leis da razão (seja lá quais forem essas!)...
Some a isso o fato de o "monstrinho" ter que usar seu lado "Jekyll" (o lado do "disfarce") para a pessoa mais importante em sua vida. Ufa! Essa é a parte mais complexa de todas! Usar um pseronagem com pessoas amadas. Seria tão mais fácil se a dita pessoa aceitasse ver o que há por trás daquela máscara. E aceitar como ela é!
Mas não... As pessoas curtem ser enganadas e gostam de máscaras. Preferem o conforto que o "papel" traz ao estresse que o "real" produziria. Confesso também que há uma certa irritação em meu tom de voz ao descrever essa parte da minha vida. Tenho uma vontade de dar umas sacudidas na pessoa e dizer: "Acorda, vê que esse não sou eu...". Mas acho que não adiantaria. Ainda que eu atirasse a máscara no chão (como já tentei), ela pegaria a máscara de volta e diria "Põe isso na cara agora mesmo! E nunca mais ouse a tirar a persona do rosto!".
O que me resta é pegar a máscara de volta e pôr no rosto outra vez. Abaixo a cabeça então e saio da sala, com o rabo entre as pernas. Ao que parece, as pessoas querem saber da Donatela, não interessa quem seja ou como esteja a Cláudia Raia. É mais fácil para as pessoas fazerem chacota que o casamento da Suzana Vieira era uma piada porque ela era uma velha pra ele do que pararem para observar, no próprio rosto daquela mulher nas capas de revistas, o sofrimento pela perda do ex-marido.
Mas que diabos pensam essas pessoas? Ah, como poderia me esquecer?! A onipotência humana... O homem é programado para ser máquina! E atender a todos os anseios da sociedade: como diria um livrinho de Ciências: (assim como as plantas) o ser humano nasce, cresce, se reproduz e morre...
Será? E se eu tirar a máscara? Olha que eu tiro hein?!

sábado, 20 de dezembro de 2008

O doido da garrafa - ADRIANA FALCÃO

Ele não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas as outras pessoas do mundo insistiam em dizer que ele era doido.
Depois que se apaixonou por uma garrafa de plástico de se carregar na bicicleta e passou a andar sempre com ela pendurada na cintura, virou o Doido da Garrafa.
O Doido da Garrafa fazia passarinhos de papel como ninguém, mas era especialista mesmo em construir barquinhos com palitos. Batizava cada barco com um nome de mulher e, enquanto estava trabalhando nele, morria de amores pela dona imaginária do nome. Depois ia esquecendo uma por uma, todas elas, com exceção de Olívia, uma nau antiga que levou dezessete dias para ser construída.
Batucava muito bem e vivia inventando, de improviso, músicas especialmente compostas para toda e qualquer finalidade, nos mais variados gêneros. Uai aí aquela da mulher de blusa verde atravessando a rua apressada, e o Doido da Garrafa imediatamente compunha um samba, uma valsa, um rock, um rap, um blues, dependendo da mulher de blusa verde, do atravessando, da rua e do apressada. Geralmente ficava uma obra-prima.
Gostava muito de observar as pessoas na rua, do cheiro de café, de cantar e de ouvir música. Não gostava muito do fato de ter pernas, mas acabou se acostumando com elas. De cabelo ele gostava. Em compensação, tinha verdadeiro horror a multidão, bermudão, tubarão, ladrão, camburão, bajulação, afetação, dança de salão, falta de educação e à palavra bife.
Escrevia cartas para ninguém, umas em prosa, outras em poesia, como mero exercício de estilo.
Tinha mania de dar entrevistas para o vento e já sabia a resposta de qualquer pergunta que porventura alguém pudesse lhe fazer um dia.
Ajudava o dicionário a explicar as coisas inventando palavras necessárias, como dorinfinita.
Adorava álgebra, mas tinha particular antipatia por trigonometria, pois não encontrava nenhum motivo para se pegar pedaços de triângulos e fazer contas tão difíceis com eles.
Conhecia mitologia a fundo.
Tinha angústia matinal, uma depressão no meio da tarde que ele chamava de cinco horas, porque era a hora que ela aparecia, e uma insônia crônica a quem chamava carinhosamente de Proserpina.
Sentia uma paixão azul dentro do peito, desde criança, sempre que olhava o mar e orgulhava-se muito disso.
Acreditava no amor, mas tinha vergonha da frase.
Às vezes falava sozinho, Preferia tristeza à agonia.
Todas as noites, entre oito e dez e meia, era visto andando de um lado para o outro da rua, método que tinha inventado para acabar de vez com a preocupação de fazer a volta de repente, quando achava que já tinha andado o suficiente. (Preferia que ninguém percebesse que ele não tinha para onde ir.) Enquanto andava, repetia dentro da cabeÇa incessantemente a palavra ecumênico sem ter a menor idéia da razão pela qual fazia isso.
Durante o dia o Doido da Garrafa trabalhava numa multinacional, era sujeito bem visto, supervisor de departamento, ganhava um bom salário e gratificações que entregava para a mulher aplicar em fundos de investimento.
No fim do ano ia trocar de carro.
Era excelente chefe de família.
Não era mais doido do que as outras pessoas do mundo, mas sempre que ele passava as outras pessoas do mundo pensavam, lá vai o Doido da Garrafa, e assim se esqueciam das suas próprias garrafas um pouquinho.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Sinal de vida!!!

Olá, anjos!
Como estão todos? Bem, eu estou maravilhosamente bem e com todo o gás para terminarmos esse conto até o fim desse mês... Aproveitarei as férias e adiantarei as postagens...
Aos que acompanham a "saga", peço-lhes que não deixem de comentar a CADA capítulo, pois o retorno de vocês é fundamental para construirmos o nosso "Você decide"... kkkkk
Avivemos as nossas memórias: já recuperaram o fôlego da cena entre Anyne e Lucas? Espero que sim porque ainda há muita coisa a chocar-lhes no decorrer desse conto intermediário. Digo intermediário porque, volto a falar, esse blog é meu laboratório de produção literária: a idéia é escrever três contos, que guardam alguma relação entre si, e publicá-los em livro. Em 2007, vocês leram AMOR VINCIT OMNIA (O amor vence tudo!), em 2008 estão lendo o atual conto e em 2009 teremos a última história... Já pararam para buscar correlações entre o conto do ano passado e o atual? Pois é, podem começar com as viagens criativas!
Ah, estou esperando também sugestões quanto às postagens... Quaisquer idéias são bem-vindas, em especial as idéias das meninas de Recife né, Claudinha?! Espero ler mais opiniões suas e de suas amigas...
Bem, é isso... rs... Só passei pra dar sinal de vida, e dizer que voltaremos em breve e a todo vapor! Afinal, Alvorada NUNCA ESTEVE com tanto gás! kkkk

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Messages

Hi, friends!
Hey, u can't imagine how much I miss u, guys!
Sascha, when I travel to France or Italy, I'll surely send u a message, okay?!
I haven't had time to translate my tales yet, but I'll do it asap...
Just for curiosity, let me explain it again: the main character is Lucas, who is in love with two women: his wife, Thaynam, and a very strong love, Anyne. He loves both women! There are many characters, and that's why it takes me so long to write it all in English...
Hey, Sascha, is everything alright in Switzerland? What about your classes and dating?
And what about u, Alex?
And, c'me on, what about all the other fellows?
:-)

sábado, 8 de novembro de 2008

Desabafo da desilusão amorosa...

Não entendo! Definitivamente não entendo! Passam-se os anos e todavia não entendo! Deve ser porque minha mente é limitada demais, mas estou a anos-luz de compreender certas coisas. Perguntinha um pouco complexa: o que será que se passa pela cabeça de alguém quando diz “eu te amo”? Queria ver tais pensamentos em flashbacks!
As pessoas têm capacidades e limitações distintas. Tá, tudo bem! Isso eu aprendi ainda quando criança. O que não entendo, nem enquanto adulto, é porque o “eu te amo” representa tão diferentes vontades de se lutar pela construção de algo que valha a pena... Existem pessoas que, pelo “eu te amo”, conseguem o inimaginável, pelo simples significado de tal expressão em seus corações. Existem outras, no entanto, que conseguem dizê-lo, mas o horizonte de possibilidades de risco é pequeno. O medo é infinitamente maior!
Minha cabeça age, em solidariedade, ao meu coração nesse momento. Busca respostas! A mais plausível encontro em Renato Russo... Fiquemos com o mestre:


Mais Uma Vez
(Legião Urbana)
Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez eu sei
Escuridão já vi pior de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.
Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amarTem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!
Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez eu sei
Escuridão já vi pior de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.
Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!
Quem acredita sempre alcança!

sábado, 1 de novembro de 2008

Capítulo VII - Ioci adultorum

Tá bom, tá bom... Deixei curiosas algumas cabecinhas aqui neh?! rs

Antes que me trucidem, vamos à continuação da cena entre Anyne e Lucas... Vou alterar um pouqinho o final do capítulo VI, pra fazermos a ponte com o final da cena...

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Ao perceber um silêncio fulcral, Lucas se apressa com o banho. "Ne me quitte pas" começa a tocar beeeem baixinho. O professor fica curioso. Findo o banho, Lucas se seca e vesta o roupão. Termina de se arrumar e abre a porta do banheiro. Com o barulho da porta, a suavidade da canção francesa dá lugar ao sombrio fundo musical de "Pieces of me" de Britney Spears...

Estarrecido, Lucas anda pelo corredor e percebe que a casa estaria toda no escuro, não fosse um caminho de velas aromáticas... O belo esfrega os olhos e não entende nada. "Amor?!" O silêncio como resposta o deixa intrigado. O cheiro de incenso começa a mexer com o imaginário dele... Todo aquele clima deixa o biólogo excitado. Aroma de Fleur D´Amour! Lucas desce as escadas com o coração quase saindo pela boca.

"Anyne, o que que você tá aprontando hein?!" Back at one começa a tocar... "Sh..." A mão da amada tapa a boca dele, abraçando-lhe por trás. Uma venda é colocada sobre seus olhos e Anyne o coloca sentado sobre o sofá. Logo após, a gata senta no seu colo, de frente, e lhe beija apaixonadamente. Começa então a beijar o seu pescoço e passar a mão pelo seu peito. Lucas puxa o corpo da amada contra o seu... Anyne começa a dar leves mordidas próximas às orelhas dele.

A música muda para Amor gitano da Beyoncé... "O que foi dessa vez, amor?!" Anyne responde colocando morango na boca do amado. "Hum... Morango com chocolate é pra acabar comigo..." A bela responde ao pé do ouvindo enquanto passa as unhas no peito dele "O que vai acabar com você hoje, meu bem, não são os morangos..."Anyne levanta e se afasta dele. Com o gingado cigano de Amor gitano, Anyne começa a dançar com o corpo colado ao de Lucas. "Bebê, esse aroma leve de chocolate, essa surpresa toda e você mais enigmática que nunca estão me deixando louco..." Anyne, passando as unhas pelo peito de Lucas, responde: "Mas a idéia é essa, meu amor! Te deixar completamente louco..."

"Pieces of me" volta a tocar enquanto Lucas começa a tirar a venda dos olhos... O mocinho fica boquiaberto quando vê Anyne vestida especialmente para a ocasião: uma roupa coladíssima no corpo à Mulher Gato. Com um sorriso sarcástico, a gata pergunta: "Que foi? Não gostou, gato?" "Adorei, só estou ainda..." O estalar do chicote que Anyne tinha em mãos não deixam nem o professor terminar de falar.

A morena ri da cara de Lucas e manda "Hoje, gato, você é só meu... E vejo que esse clima todo está te deixando bem animadinho neh?!" Anyne passa a mão pela calça do amado. Ainda sem graça, Lucas beija a mulher, que lentamente coloca as mãos dele pra trás. Um clic faz Lucas perceber que já era tarde pra escapar: a bela o havia algemado. "Que foi isso, amor?" "Diríamos que quero você bem quietinho hoje... Só respondendo a estímulos... Que tal?" As unhas da gata o arranham com força. "Ai, amor!" "Nossa, sua carinha de dor agora foi altamente excitante...." "Brinca com fogo que você se queima, gata..." "E se eu quiser me queimar hoje, como fica?"

O estalar do chicote novamente faz Lucas arregalar os olhos. "Sobe..." "Anyne?" "Lucas, meu gato, hoje você apenas obedece, combinado?" O chicote dessa vez estala bem ao lado dele. Gaguejando, ele responde: "Com-bi-na-do!"

Anyne levanta as sobrancelhas como se dissesse "Não subiu ainda por que?". Lucas sobe lentamente para o quarto. A cada degrau o casal se beijava lentamente. Chegando ao quarto, Lucas deita na cama e Anyne lhe tira as algemas. "Ufa, estava me dando um nervosismo horripilante ficar com isso..." "E você acha que já acabou?!" "Amor! O que mais você vai fazer comigo hoje? Me dar choque?" A carinha de decepção da bela e o dedinho na boca são intrigantes. "Poxa, nem pensei nessa hipótese... Deixa pra próxima..." "Anyne, você me assusta!" "Ah, vai dizer que não está curtindo?" Lucas ri, ainda assustado, e responde: "Muito!"

Deitada sobre ele, Anyne lambe o pescoço de Lucas, enquanto começa a abrir o zíper de sua calça. Ela passa a língua em seu queixo, lábios, canto do rosto... Orelhas... Suspira em seu ouvido... Lucas se senta na cama, recostando na guarda... Ele põe Anyne entre as suas pernas, de costas pra ele. Abrindo o zíper de sua fantasia, ele vai passando a língua nas suas costas... Sopra, então, levemente na sua nuca. A bela aperta as pernas do amado e as coloca sobre as suas coxas. Virando-se de frente para ele, Anyne começa a beijar seu peito. Morde seus mamilos e tira toda a roupa dele. Lucas termina de tirar a roupa dela também.

A gata resolve ir além... Sua língua brinca com os lábios dele. Desce para o pescoço e peito. Desce mais até o umbigo. Ele sente cócegas na barriga, ela ri e continua a beijar e lamber sua barriga. As mãos dele afagam os cabelos da amada, que desce um pouquinho mais, chegando onde ele queria. Ao som de My idea of heaven, Anyne enlouquece o seu amor quando massageia os pés dele e depois começa a subir novamente com beijos nas suas pernas... O calor dos seus beijos e respiração ofegante perto da virilha dele deixam o belo enlouquecido. Anyne passa a língua pelas coxas dele e volta a fazer sexo oral no amado. Lucas puxa todo o forro da cama, louco de tesão.

Anyne leva ainda alguns minutos naquela cena, até que, subitamente, levanta. De pé na cama, ela põe a perna direita sobre o peito do amado e começa a rir. "Estou vendo que esse mocinho está gostando da brincadeira..." "Sempre gostei de suas brincadeiras, gata!" Com um sorriso sarcástico, Anyne diz: "Nossa, você nessa posição me lembra assim, um Homem Vitruviano, de da Vinci...". Inocentemente, Lucas abre as pernas e os braços dando risada. "Assim, mocinha?".
Anyne, que com as mãos pra trás escondia um aparelinho tipo um controle remoto, olha fixamente para o objeto. Lucas diz "Ohow...", quando Anyne aperta um dos botões e quatro garras prendem suas mãos e braços. Lucas suspira, dando risada, ainda incrédulo. "Tenho medo de você!" Anyne ri e diz: "Ué, você que disse que sempre curtiu as minhas brincadeiras..." "Mas o pior é que eu sempre curto..." "Bem, pelo que eu estou vendo você continua curtindo a atual brincadeira..." Anyne deita-se sobre o amado, agora preso, e o beija com carinho. Super excitado, ele só pode beijá-la também. Anyne desce mais o corpo, sentindo a excitação do amado dentro dela.
Agora Lucas fica ao bel prazer dos movimentos de Anyne, sentada sobre ele. Os olhos fechados dela e todo aquele clima louco o deixam ainda mais fascinado. Os uivos do belo deixam Anyne radiante. A música passa para o remix de What hurts the most, de Cascada. Anyne libera o amado da armadilha, que, de sopetão, lhe prende os braços pra trás, e a deita de bruços, sussurando em seu ouvido: "Te disse que não era pra mexer com fogo!" Tomando-lhe o controle da mão, Lucas prende a mulher nas garras. Aproveitando-se da posição completamente vulnerável de Anyne, de braços e pernas abertas, Lucas rasga parte da fantasia de Mulher Gato, que estava jogada pelo chão, e começa, com o tecido, a fazer cócegas no corpo dela. Às gargalhadas, Anyne grita: "Pára, Lucas, pára!". Com um sorriso maquiavélico, ele beija-lhe na bochecha e diz: "Ué, cócegas são piores do que dor, meu amor! Achei que gostasse..." "Não é isso, é que..." Antes de terminar a frase, Anyne já gargalhava de novo...
Lucas solta a morena-índia, que troca a música para I'm a slave for you, da Britney. Ele a imprensa contra a parede, mordendo seu pescoço. O casal se reveza nos amassos sufocantes... Anyne põe Lucas deitado de novo na cama e usa a armadilha outra vez. "O que você quer agora?" A bela não responde. Sai do quarto e o deixa curioso. Volta 2 minutos depois com uma tigela de chocolate, com vapor ainda, pois estava quente... "Gata, que que você está pensando em fazer com esse negócio quente?"
Anyne pega uma outra tigela com morangos. Ela derrama um pouco de chocolate no peito dele...
"Bebê, isso está quente!" "Ué, mas a intenção não é essa?!" Risos. A bela passa alguns morangos no chocolate e dá ao amado na boca. O misto de dor, pelo chocolate quente, e prazer com aquela cena toda fazem Lucas voltar a se excitar. Ao sair da armadilha, Lucas deita Anyne na cama e derrama um pouco do chocolate sobre seus seios e barriga. A língua do amado em sua pele lhe deixa louca...
O casal vai parar embaixo do chuveiro. Uma sensação de felicidade súbita enche o peito de Lucas ao ver o sorriso de Anyne com o toque da água sobre seu rosto. Tocando seu rosto, Lucas diz: "Eu amo você!" "Eu também te amo! A cada segundo mais..." O barulho da água caindo se misturava ao som de Non me lo so spiegare deTiziano Ferro e Laura Pausini.
Lucas se sentia no paraíso. Estava ao lado da mulher que amava. Ou melhor, de uma das mulheres que amava...

"U POVU"... kkkkkkkk

Ok ok... Aos que não gostam de Jabor (o fenômeno "global"), venho me redimir, dessa vez com Veríssimo... (Nuss, que diferença hein?! rs)

Esse textinho eu li há uns 6 anos, mas ainda acho um máximo...


Nada como o sagaz humor de um dos mais brilhantes escritores brasileiros...

Vamos então...

O POVO
(por LUÍS FERNANDO VERÍSSIMO)
Não posso deixar de concordar com tudo que dizem do povo. É uma posição impopular, eu sei, mas o que fazer? É a hora da verdade. O povo que me perdoe, mas ele merece tudo o que se tem dito dele. E muito mais.
As opiniões recentemente emitidas sobre ao povo até agora foram tolerantes. Disseram, por exemplo, que o povo se comporta mal em grenais. Disseram que o povo é corrupto. Por um natural escrúpulo, não quiseram ir mais longe. Pois eu não tenho escrúpulo.
O povo se comporta mal em toda parte, não apenas no futebol. O povo tem péssimas maneiras. O povo se veste mal. Não raro, cheira mal também. O povo faz xixi e cocô em escala industrial. Se não houvesse povo, não teríamos o problema ecológico. O povo não sabe comer. O povo tem um gosto deplorável. O povo é insensível. O povo é vulgar.
A chamada explosão demográfica é culpa exclusivamente do povo. O povo se reproduz numa proporção verdadeiramente suicida. O povo é promíscuo e sem-vergonha. A superpopulação nos grandes centros se deve o povo. As lamentáveis favelas que tanto prejudicam nossa paisagem urbana foram inventadas pelo povo, que as mantém contra os preceitos da higiene e da estética.
Responda, sem meias palavras: haveria os problemas de trânsito se não fosse pelo povo? O povo é um estorvo.
É notória a incapacidade política do povo. O povo não sabe votar. Quando vota, invariavelmente vota em candidatos populares que, justamente por agradarem ao povo, não podem ser boa coisa.O povo é pouco saudável. Há, sabidamente, 95 por cento mais cáries dentáries entre o povo. O índice de morte por má nutrição entre o povo é assustador. O povo não se cuida. Estão sempre sendo atropelados. Isto quando não se matam entre si. O banditismo campeia entre o povo. O povo é ladrão. O povo é viciado. O povo é doido. O povo é imprevisível. O povo é um perigo.
O povo não tem a mínima cultura. Muitos nem sabem ler ou escrever. O povo não viaja, não se interessa por boa música ou literatura, não vai a museus. O povo não gosta de trabalho criativo, prefere empregos ignóbeis e aviltantes. Isto quando trabalha, pois há os que preferem o ócio contemplativo, embaixo de pontes. Se não fosse o povo nossa economia funcionaria como uma máquina. Todo mundo seria mais feliz sem o povo. O povo é deprimente. O povo deveria ser eliminado.

quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Atacando com Jabor!

Salve, salve, leitores!
Bem, pelo visto o corte (estratégico) no meio da cena caliente de Lucas com a gata deu o que falar...
Antes de dar prosseguimento, trago aos senhores um textinho de Arnaldo Jabor. Tá, tudo bem, concordo que ele é machista, manipulador de opiniões, etc etc etc, mas não se pode negar que é um homem inteligentíssimo e que tem um talento incrível para a escrita!
Ei-lo aqui:

'Sempre acho que namoro, casamento, romance tem começo, meio e fim. Como tudo na vida. Detesto quando escuto aquela conversa:
- 'Ah,terminei o namoro...'
- 'Nossa,quanto tempo?'
- 'Cinco anos...Mas não deu certo...acabou'
- ?É não deu...?

Claro que deu! Deu certo durante cinco anos, só que acabou.
E o bom da vida, é que você pode ter vários amores.
Não acredito em pessoas que se complementam. Acredito em pessoas que se somam.
Às vezes você não consegue nem dar cem por cento de você para você mesmo, como cobrar cem por cento do outro? E não temos esta coisa completa. À
s vezes ele é fiel, mas não é bom de cama.
Às vezes ele é carinhoso, mas não é fiel.
Às vezes ele é atencioso, mas não é trabalhador.
Às vezes ela é malhada, mas não é sensível.
Tudo nós não temos. Perceba qual o aspecto que é mais importante e invista nele.
Pele é um bicho traiçoeiro.
Quando você tem pele com alguém, pode ser o papai com mamãe mais básico que é uma delícia. E as vezes você tem aquele sexo acrobata, mas que não te impressiona...
Acho que o beijo é importante...e se o beijo bate...se joga...senão bate...mais um Martini, por favor...e vá dar uma volta .
Se ele ou ela não te quer mais, não force a barra.
O outro tem o direito de não te querer.
Não lute, não ligue, não dê pití.
Se a pessoa tá com dúvida, problema dela, cabe a você esperar ou não.
Existe gente que precisa da ausência para querer a presença.
O ser humano não é absoluto.
Ele titubeia, tem dúvidas e medos mas se a pessoa REALMENTE gostar, ela volta .
Nada de drama.
Que graça tem alguém do seu lado sob chantagem, gravidez, dinheiro, recessão de família?
O legal é alguém que está com você por você. E vice versa.
Não fique com alguém por dó também. Ou por medo da solidão.
Nascemos sós. Morremos sós. Nosso pensamento é nosso, não é compartilhado.
E quando você acorda, a primeira impressão é sempre sua, seu olhar, seu pensamento.
Tem gente que pula de um romance para o outro.
Que medo é este de se ver só, na sua própria companhia?
Gostar dói.
Você muitas vezes vai ter raiva, ciúmes, ódio, frustração.
Faz parte.
Você namora um outro ser, um outro mundo e um outro universo.
E nem sempre as coisas saem como você quer... A pior coisa é gente que tem medo de se envolver.
Se alguém vier com este papo, corra, afinal, você não é terapeuta.
Se não quer se envolver, namore uma planta. É mais previsível.
Na vida e no amor, não temos garantias. E nem todo sexo bom é para namorar.
Nem toda pessoa que te convida para sair é para casar.
Nem todo beijo é para romancear.
Nem todo sexo bom é para descartar. Ou se apaixonar. Ou se culpar.
Enfim...quem disse que ser adulto é fácil?"
Arnaldo Jabor

domingo, 26 de outubro de 2008

Capítulo VI - Calidi ioci

Alvorada. 19h. O sol estava se pondo ainda, com o horário de verão, na nossa cidadezinha. Lucas põe a mala no canto da sala e estranha o silêncio da casa de Anyne. "Amor?" "Lucas?" "Eu, meu amor..." "Uau, pensei que você chegar mais tarde... Que saudade de você!" - a morena ainda estava de calcinha e sutiã, e preparava algo na cozinha.
O casal se abraça e Lucas, com as mãos na nuca da gata, começa a fazer cafuné, enquanto sente seu cheiro. "Gatinho, tenho algumas surpresinhas pra você hoje..." "Antes delas me dá um beijo vai..." O professor já mordia os lábios da amada, antes mesmo de qualquer resposta dela. Aquele beijo tinha gosto de saudade. Anyne estava eufórica naquele dia. Havia tido muitas idéias, digamos... pervertidas, na ausência do seu homem.
Aquele beijo era mais que um simples beijo... A respiração profunda como se sentissem alívio, leveza, calmaria, e... E amor! Entre um beijo e outro, Lucas encostava a pontinha do nariz no nariz de Anyne, como uma criança a pedir carinho e proteção.
"Meu amor, eu preciso terminar o que estava fazendo aqui..." Lucas olha curioso pra cozinha e caminha em direção à mesa. "E o que o amor da minha..." "Epa! Não pode ver... Segredo!" "Ih, mas ela está tão misteriosa hoje."
Anyne morde o lábio inferior e abraça o marido, apertando-lhe todo. "Faz o seguinte? Suba, tome um bom e relaxante banho... Depois ponha o roupão que deixei sobre a cama e desça pra melhor noite da sua vida!" Lucas suspira e ri. "Ui, tenho até medo dessas horas..." rs
Atentendo aos pedidos da amada, o biólogo sobe e abre a torneira da banheira. Lá ficaria por umas 2h, pensando na vida, nos problemas, nos amores... É, digo noS amorES... De repente, a imagem de Thaynam lhe vem a cabeça. Lucas joga água no rosto e suspira. "Thaynam, te amo!" - fala sozinho.
Enquanto isso, a morena-índia já havia se arrumado, aprontado toda a decoração da casa e posto os "detalhes" em locais adequados. Anyne havia decidido que naquela noite iria levar a imaginação do amado aos extremos...
Ao perceber um silêncio exagerado, Lucas se apressa com o banho. "Ne me quitte pas" começa a tocar beeeem baixinho. O professor fica curioso. Findo o banho, Lucas se seca e vesta o roupão. Termina de se arrumar e abre a porta do banheiro. Com o barulho da porta, a suavidade da canção francesa dá lugar ao sombrio fundo musical de "Pieces of me" de Britney Spears... Estarrecido, Lucas anda pelo corredor e percebe que a casa estaria toda no escuro, não fosse um caminho de velas aromáticas... O belo esfrega os olhos e não entende nada. "Amor?!" O silêncio como resposta o deixa intrigado. O cheiro de incenso começa a mexer com o imaginário dele... Todo aquele clima deixa o biólogo excitado. Aroma de Fleur D´Amour!
"Anyne, o que que você tá aprontando hein?!"
"Back at once" começa a tocar...
"Sh..." A mão da amada tapa a boca dele, abraçando-lhe por trás. Uma venda é colocada sobre seus olhos e Anyne o coloca sentado sobre o sofá. Logo após, a gata senta no seu colo, de frente, e a música muda para "Amor gitano" da Beyoncé... "O que foi dessa vez, amor?!" Anyne responde colocando morango na boca do amado. "Hum... Morango com chocolate é pra acabar comigo..." A bela responde ao pé do ouvindo enquanto passa as unhas no peito dele "O que vai acabar com você hoje, meu bem, não são os morangos..."
Anyne levanta e se afasta dele. "Pieces of me" volta a tocar enquanto Lucas começa a tirar a venda dos olhos... O mocinho fica boquiaberto quando...

A intelectualidade na irracionalidade amorosa

E quem foi que disse que há alguma racionalidade no amor? E quem foi que disse que a intuição não nos leva à verdade? E quem foi o tolo que julgou amar "com os pés no chão"? Ah, e quem foi que disse que eu quero encontrar alguma racionalidade em ti?
Diria Veríssimo que na vida a gente procura a "pessoa errada" né?! Aquela que, do nada, nos vira a cabeça, nos faz perder noites de sono, viajar sem sair do lugar com cara de bobo apaixonado, dar "bons dias" com um sorriso de orelha a orelha...
Ah, seres humanos... Há uma energia no amor que poderia mudar a humanidade! Talvez o primeiro passo para tal fosse usar menos o que inocentemente chamamos de razão... O racional não tolera a intimidade que se regozija no amor!
Expliquem-me os cartesianos como a exaltação à dúvida constante pode suportar o silêncio de um olhar apaixonado, o arrepio do toque da pele e a sensação de levitação... Expliquem-me, por favor, os filósofos como a racionalidade se curva, quase que em genoflexão, aos calafrios de um coração enamorado...
"It's like I checked into rehab... And baby, you're my disease!" - O som de Rihanna, no auge dos seus vinte aninhos, embala quaisquer digressões amorosas... Ou "tudo que é bom sempre tem um final" no featuring do vocalista de Nx Zero e a belíssima Nelly Furtado.
Ousaria ainda em invitar para bailar como Beyoncé, ao lado do enigmático Alejandro Fernandez em "Amor gitano". ora, quer mais cigano que um coração fervoroso de amores? Mas o amor é, como se saca de "Amor gitano", envolvente como o gingado latino, deliciosamente misterioro como o olhar na dança árabe e ninfeto como o "Ne me quites pas" francês.
Bem, fiquemos por aqui com Caio Fernando Abreu: "E eu me pergunto se viver não será essa espécie de ciranda de sentimentos que se sucedem e sucedem e deixam sempre sede no fim...".

domingo, 19 de outubro de 2008

Message for Sasha and Alex

Hi, Sasha and Alex... It's been a long time since I last wrote in English for you 2, guys!
Sorry, folks!
I haven't had any time to write, so... I guess I'll be able to translate my tales only in the end of the year...
Never mind!
Hey, I miss u...
What have u been doing?
I wanna know the news!
Hugs
Doug

Capítulo V - Gaius vitoriam obtinit...

18h. Lucas terminava de se arrumar, quando a esposa chega no quarto. Ela o abraça por trás e beija sua nuca. Esquivando-se, Lucas pega o casaco. "Amor, não faz assim. Eu amo tanto você!" Mostrando indiferença, o marido põe o cachecol e diz: "Dá licença que eu tenho um espetáculo pra assistir." A gata fica enfurecida.

"Lucas, se na nossa segunda lua-de-mel, você sair por essa porta, o nosso casamento está..." A porta bate como resposta à fala da mulher.

Entrando no National Theatre, Lucas olha o seu bilhete de entrada e procura o seu assento. O espetáculo era uma adaptação de "Noite de Reis" ("Twelfth night"), de William Shakespeare. Henrique dá um show de apresentação, ele fazia o papel de Orsino, o Duque da Ilíria. Luís, seu namorado, dá vida a Hugh Fennyman, um businessman do século XVI, que não existe no original shakespeareano. Henrique surpreende a platéia com seu inglês impecável! Luís força um inglês com um leve sotaque francês que o seu personagem pedia...

Na saída do teatro, Lucas encontra Thaynam, que também havia assistido à peça. "Ué, não pensei que você se interessaria por teatro... Muito menos por uma peça em que o ator principal é gay, meu amor!" "Lucas, eu pensei muito e vi que estava errada. A presença do Henrique no palco foi magnífica. Me acompanha pra falar com ele?!"

Ainda desconfiado, o biólogo aceita acompanhar a esposa. "Henrique, essas rosas são para você pela belíssima apresentação e também como um pedido de desculpas pela minha infantilidade de hoje cedo..." "Esqueça isso, Thaynam! Obrigado pelos parabéns... Ai, eu estou morrendo de fome! Preciso ir porque vou sair pra jantar com o pessoal da peça." "Parabéns, amigo!" - diz Lucas, se despedindo.

Lucas e Thaynam passam a noite nos Pubs do Temple Bar. Ele diz à esposa que precisa viajar e que ficará uma semana fora. Lucas precisava pensar, ainda que já estivesse bem novamente com a esposa. O casal bebe Guinness e anda animadérrimo pelas ruas apertadas do Temple Bar.
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Alvorada, Brasil. Lucas e Thaynam chegam em casa e o clima da cidadezinha está excessivamente quente. No dia seguinte, o professor arruma novamente as malas e se despede da esposa. "Eu te ligo tá, meu amor?" "Tá, bebê!".

Uma hora depois, Lucas tira a chave do bolso e entra na casa de Anyne. A gata já lhe esperava prum jantar à luz de velas. O que Lucas não esperava era o fato de, no exato momento em que entrara na casa da fisioterapeuta, o prefeito Caio Reis, a quem ele não suportava, estava parado na praça da cidade, examinando-o de longe. O que essa revelação causaria na conturbada relação entre o professor e o político?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Letra de "Lugares proibidos"

Olá, anjos e anjas! (Ueh, anjo não tem sexo, Douglas!)
Aqui vai a letra de uma música que adoro... Relevem o fato de ela ser pagode, mas como eu a ouvi enquanto olhava nos olhos do meu amor, vou colocá-la aqui...

Lugares Proibidos
Grupo Doce Encontro


Eu gosto do claro quando é claro que você me ama
Eu gosto do escuro no escuro com você na cama
Eu gosto do não se você diz não viver sem mim
Eu gosto de tudo, tudo o que traz você aqui
Eu gosto do nada, nada que te leve para longe
Eu amo a demora sempre que o nosso beijo é longo
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby, com você já, já...

Mande um buquê de rosas, rosa ou salmão
Versos e beijos e o seu nome no cartão
Me leve café na cama amanhã
Eu finjo que eu não esperava
Gosto de fazer amor fora de hora
Lugares proibidos com você na estrada
Adoro surpresas sem datas
Chega mais cedo amor
Eu finjo que eu não esperava

Eu gosto da falta quando falta mais juízo em nós
E de telefone, se do outro lado é a sua voz
Adoro a pressa quando sinto
Sua pressa em vir me amar
Venero a saudade quando ela está pra terminar
Baby com você chegando já...

Gosto de fazer amor fora de hora
Lugares proibidos com você na estrada
Adoro surpresas sem datas
Chega mais cedo amor
Eu finjo que eu não esperava...

segunda-feira, 13 de outubro de 2008

Digressões ou transgressões? Que me diga o coelho de Alice... rs

Analisando “Paciência” de Lenine... (A Márcia Mérida, pelos momentos inolvidáveis)

Paciência

Lenine

Mesmo quando tudo pede

Um pouco mais de calma

É... Nos últimos dias alguns questionamentos me atormentam... O que mais salta aos olhos do homem: a felicidade ou o sucesso? Márcia, querida, ainda não sei e, creio eu que possivelmente levarei a vida inteira com tal questionamento em aberto. Mas, em meio a tal loucura sócio-acadêmica, há que pensar que nem tudo está perdido! Huahuahuahua... Lenine nos apresenta luzes! Não no fim do túnel, mas nas laterais deste! Huauahuahuahuahhauau

Quem sabe um pouco mais de calma não seja a chave, não seja a solução pro nosso problema “encontro da felicidade”, não é?!

É, Marcinha... Um pouco mais de simplicidade é tudo! Aqui está algo que aprendi com você nas aulas de Filosofia no Ensino Médio e concluí com Fernandinho na Faculdade de Direito: HUMILDADE! Já diria a Rede Grobo (como diz Edinalda... rs): HUMILDADE, PASSE ADIANTE! Huhaahuhauahua... Gente, um pouquinho de filosofia na veia não faz mal a ninguém...

Ui, desceu Nietzsche aqui, gente! Essa piradérrima inversão de valores... Sei não hein?! Mestra, será que foi só o Evangelho que morreu na cruz? Oxe, vou parar por aqui, senão minha digressão vira transgressão... rs

Até quando o corpo pede

Um pouco mais de alma

Hummmm... Isso me lembra a mitologia! Eros e Psiquê... Nossa! Orgasmos intelectuais tântricos aqui agora hein?! Ui, delícia! Rsrsrs

Corpo, alma... Meu corpo pede diariamente mais alma! Preciso muito de animus, como todo ser sensível neh?! Já dizia minha mestra Nilde Maria que “devemos ser sensíveis e sensatos”! Eu diria que há momentos para a sensibilidade e momentos para a sensatez... Se as utilizarmos de uma vez só, não rola! O encanto do sapatinho do cristal se quebra muito rápido... (Nossa, acho que os enigmas do dia anterior mexeram comigo neh, Gustavo?! Huahauhauhauhaua)

Mas é isso: muito axé pra todo muito (eita, o espírito baiano de vidas passadas me perturba... rs)...

A vida não pára...

E que bom que não pára neh?! Já pensou o caos que seria se todo mundo pausasse a vida para consertar os erros? E assim vamos nós, com erros e acertos, nessa viagem enlouquecida que chamamos de vida... Ela segue o seu caminho e não podemos sequer pular pela janela dessa locomotiva em velocidade de TGV! A vida só tem graça se optarmos pelo simples... Não que esse simples seja o banal, o normal, o medíocre... A normalidade (como disse ontem a você, Gustavo), ela me irrita! Pessoas normaizinhas merecem arder no mármore do inferno! Gente, essa digressão a “O clone” saiu de onde?! Huhauhauhauahuahua... Jesus, toma conta!!!! Huahuahuahuah... Ah, mas é sério! Pessoas simples não precisam ser normais... Eu fujo a toda tola normalidade! Adoro quebrar padrões (não é, Lívia e Isa?! ?!) hauhauhauhaua...

Marcinha, quis em poucas palavras colocar pra fora um pouquinho do que ainda restava aqui dentro depois do nosso papo! Rs

Analisei apenas a primeira estrofe, mas pretendo terminá-la... Esse é o blog das minhas loucuras! Bem-vinda ao meu mundinho imaginário... Não é o “Lindo mundo da imaginação” dos baixinhos da loira, mas uma busca constante de algo que faça sentido, num mundo em que, aparentemente, NADA faz sentido, não é mesmo?!

Um grande beijo, meu anjo!

Até o próximo pedaço de chocolate (de onde tirei isso?! Ah, quer coisa melhor como sinônimo de “momento gostoso” que chocolate? Huhuhauauha... Não é, Mr. Enigma?!) Ops, tô falando demais...

domingo, 7 de setembro de 2008

PRA NÃO DIZER QUE NÃO FALEI DE AMOR...

"Se chorei ou se sofri, o importante é que emoções eu vivi!” Viver é algo imanente aos seres humanos. Saber viver é uma dádiva de poucos que entendem a efemeridade da vida como motivo-mote para vivê-la em plenitude.
“Momentos são iguais àqueles em que eu te amei!” A música popular brasileira descreve, com aguçada clareza, sentimentos e sensações divinas. Viver é, afinal de contas, não ter a mínima vergonha de ser feliz. É cantar, e cantar, e cantar a indescritível beleza de ser um eterno aprendiz.
Ah, o amor... Doce sentimento do Olimpo! Há expressões que se acercam, mas jamais traduzem tamanho significado. Paixão, desejo, loucura, sexo, carinho, amizade, bem querer... Tudo isso é amor!Amar é tremer dos pés à cabeça ao ver a pessoa amada. Amar é querer tê-la consigo o máximo possível, pois sua presença acalma, inebria e entontece.
Amar é ligar para apenas dizer “boa noite”. É sentir o coração bater forte e o corpo levitar. Amar é beijar com bala na boca, é abraçar com carência e sentir o cheiro, é pensar nos planos para o futuro com aquela pessoa do seu lado.
Só que o amor é ingênuo... Algumas vezes fantasia a utopia da imortalidade. Vinícius de Moraes (com a devida escusa ao deslize anterior), com sapiência, aponta que o amor deveria fugir à imortalidade, posto que é chama, mas que infinito fosse enquanto durasse.
Amar é olhar nos olhos e sentir o peito encher-se de súbita felicidade. É arrepiar-se todo com um simples toque ou som da voz. Amar é viajar alhures, apenas com um beijo. É pular de bungee-jumping abraçado e sentir o gostoso frio na barriga.Amar é ainda mais... É dormir abraçado e sentir-se protegido. São beijos envolventes debaixo do chuveiro. São carícias apaixonadas sobre a pele macia. São declarações de amor entre respirações ofegantes. São juras e promessas que o tempo não ousa apagar.
“Amor é divino. Sexo é animal.” Salve Rita Lee! Essa bela voz entendeu que o segundo é a saciação de um instinto. Já o primeiro é entregar-se de corpo e alma, é sentir que dois corpos podem ser um só e que existe uma atemporalidade no amor.
Amar e viver. Este é um processo natural. Aquele é um projeto de vida. E nem todo homem, no fim das contas, o tem como objetivo-maior.
“Ainda que eu falasse em línguas, a dos homens e a dos anjos, sem o amor eu nada seria!”

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

Capítulo IV - Problema nascit

Lucas chega em casa por volta das 17h. Já era noite na Irlanda. Thaynam cantarolava no banho. Lucas entra no quarto e joga as luvas e o gorro sobre a cama. "Oi, amor...". O bater da porta do quarto responde à gata.
O biólogo abre a geladeira, pega uma caixa de cereais e senta no sofá da sala. A mulher desce as escadas com seu roupão branco e suas pantufas rosas. O cabelo preso e o sedutor perfume Elle faziam da psicóloga uma mulher ainda mais atraente.
"Bebê, desculpa por ter perdido a hora da visita à GUINNESS." Lucas olha fixamente para a lareira. "Eu não sabia que havia casado com uma mulher tão vazia..." "Que isso, Lucas?!" "Thaynam, olha bem na minha cara... Henrique é o meu melhor amigo e sua atitude foi... Foi deplorável!"
Thaynam respira fundo e olha o marido nos olhos. "Eu não sei ser hipócrita, Lucas." "Isso é problema teu! Só não admito que você diminua ninguém!" "E quando que eu diminui...?" "Você foi debochada!" "Ah, meu amor, me poupe! De onde já se viu um homem..." "Isso não é problema seu, Thaynam!" "Como não?!" "O que o Henrique faz ou deixa de fazer com a vida pessoal amorosa dele compete a ele e ao namorado dele..." "Mas Lucas..." "Basta, Thaynam!"
Lucas levanta e pega a caixa de cereais. "Eu vou tomar banho porque vou ao espetáculo do meu amigo!" "Eu vou com..." "Nem se atreva!" "Meu amor, eu..." "Thaynam, amanhã estou voltando para o Brasil." "Como assim estou?" "Ué, você é bem grandinha e sabe o que faz da sua vida, se quer ficar ou não..." "Lucas, essa viagem era quase que uma outra lua-de-mel pra nós..." "Era... Você fez questão de estragar tudo!"
Decepcionado, Lucas vai pro banho. Não via a hora de assistir ao grande espetáculo do seu amigo. Henrique ensaiara e desejara aquilo mais que tudo na vida! Seu melhor amigo tinha que estar presente... Isso se Thaynam não fizer nada pra impedi-lo!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

-> Sonetos <-

Enquanto não disponho de tempo para continuar o conto, deixo os meus amados leitores com o imortal Vinícius de Moraes:

Soneto de Fidelidade
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.(Até um dia meu anjo)

sábado, 3 de maio de 2008

Hold on!

Saudações, amigos leitores!

Façamos uma pausa em nossa aventura blogueira...

Quisera eu que essa pausa fosse por motivos mais alegres... Todavia, os últimos dias me impedem de fazê-lo de outra forma. Autor e personagens se confundiriam não houvesse essa pausa para um desabafo byroniano...

Ouvi há uns dias uma frase de uma amiga-aluna-leitora que me marcou muito... Transcrevo-a ipsis litteris para os senhores...


"Douglas, há um problema em seu blog. Um problema que ao mesmo tempo

vira um poderoso instrumento em suas mãos. Quando lemos os seus escritos, não

conseguimos distingüir autor de personagem. Isso é tão rico, essa coisa de

ler e pensar ao tempo todo se é realidade ou ficção... Isso me fascina na

sua literatura, meu amigo!"


Cara amiga, talvez tenha sido esse o propósito maior ao abrir esse blog. Brincar com a ficção de formar a permitir que esta se aproxime da realidade e, inocentemente, interaja com a mesma. O que é ficção e o que é realidade? Essas concepções são tão próximas em minha cabeça! Vejo a ficção como "aquilo que a realidade poderia ser, não fosse o medo que os seres humanos têm em ousar!"

Nosso querido Shakespeare diria que o que mais assombro lhe causa é que as pessoas tivessem medo... Brinquemos com a etimologia da palavra. Em Inglês, "fear" vem do Inglês Arcaico "fær", que significa "risco, perigo,..." Já essa palavra vem do Proto-Germânico, uma língua que deu origem às línguas germânicas. Vem de "færa", também com essa acepção de "tentativa, experiência, risco,..."

Eu ousaria em dizer que não me causa tanto espanto o fato de os homens terem medo. Há outro ponto que me assombra mais. Me assusta o peso que as pessoas dão ao dizerem que o homem é um ser racional. Acho que, de todas as criaturas que vivem sobre a Terra, o homem é o mais dotado de irracionalidade. Não pensem, leitores, que o pessimismo byroniano me leva a pôr as coisas dessa forma. Mas é que me pego a pensar sobre os limites do ser humano nos últimos dias.

Não seria novidade para o leitor se eu fosse mais específico em dizer que são os casos de Isabella Nardoni e do austríaco que prendeu a filha no sótão que mais me intrigam.

O que o homem é capaz de fazer, até onde vai a maldade humana e se há mesmo limites para a razão humana são perguntas que eu sequer tento responder. Mas... Mas o que há de errado, gente?! O que que está acontecendo com os valores, com... Sei lá! Minha cabeça não tem tamanha capacidade de debater sobre esses aspectos...

Enfim... Voltemos ao nosso querido conto! (Já não era sem tempo! rs)

domingo, 17 de fevereiro de 2008

NOVA VERSÃO do Capítulo III - Ridiculus praeiudicata opinio

Dublin, Irlanda. Lucas tomava um chocolate quente sentado numa cadeira perto do telefone do quarto do hotel. O biólogo observava a esposa durmindo. Aquele sono leve era o mesmo desde o dia da lua-de-mel, em que ele mal houvera conseguido durmir.

A luz do celular acende. Uma ligação no início da manhã nunca seria de Anyne. Seu outro amor nunca ligaria nesse horário, pois sabia que ele estava com a mulher. Pé ante pé ele vai até a cama e pega o aparelho. Era Henrique, seu amigo de infância. O professor ficou ainda mais confuso.

"Fala, meu brother!" "Lucas?" "Eu..." "Nossa, irmão, que saudade de você..." "É mesmo... Como você está?" "Ótimo! Te liguei para te fazer um convite..." "Convite? Eu tô fora do Brasil, mané!" "Exatamente, Luquinhas! Meu grupo de teatro está com uma apresentação única e imperdível... E adivinha onde? No National Theatre, em Dublin..." "Na Irlanda?" "Exato! Fomos convidados a participar do Musical de Inverno..." "Nossa, que fantástico!" "E você e Thay, estão na Irlanda já ou em Amsterdam ainda?" "Não, já estamos em Dublin. Chegamos ontem a noite e Thaynam tá durmindo ainda... Quando você chega?" "Hoje... Estou no Aeroporto de Madrid, onde fizemos conexão e estou indo praí..." "Me ligue quando chegar... A gente sai pra almoçar junto!" "Perfeito, irmãozinho..." "Beleza..."
Thaynam acorda. "Amor, você já levantou? Tava no telefone, aconteceu alguma coisa?" "Não, minha linda... Foi o Henrique, que ligou pra avisar que aquele grupo maluco de teatro tá se apresentando aqui em Dublin..." "Jura? Ai, que delícia!" "Uhum..." "E qual é a peça?" "Ixi, num faço idéia... Nos falamos rápido!" "Hum..." "Deve ser algo de Shakespeare, porque o musical desse ano é tributo a ele!" "Você nem gostou disso né?!" "Amei!"
Lucas vai ao banheiro enquanto a mulher se arruma. "Meu lindo, e o que faremos hoje?" "Olha, amor, pensei em visitarmos a fábrica da Guinness, que é uma cerveja tradicional irlandesa... A famosa cerveja preta!" (risos) "Hum, adooooooro!" "Eu só vou por curiosidade mesmo, porque eu detesto cerveja..." "E eu não sei? Quem já ficou ferrado por conta de cerveja?" "Quem? Eu não!" "Palhaço! Você sim... No último niver de Helen... Acha que eu esqueci?" "Ah, mas não foi pela cerveja e sim pela mistura dela com outras coisas..." "Tá bom, Sr. Lucas..." (beijo)
"A gente vai lá e depois almoça com o Henrique, tá?!" "Beleza..."
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Alvorada. Seis da manhã. O sol estava aparecendo em Alvorada. Stella chega em casa com os cabelos molhados. A loira vinha de um dos motéis da Br que ligava Alvorada a Itacaré, uma outra bela cidade baiana. "Casinha de boneca" era a expressão que o "trio Parada Dura" usava para suavizar a idéia de "motel"... Lucas, Milena e Stella eram grandes amigos e viviam nas baladas. Como Stella não se dava muito bem com Thaynam, que achava a loira antipática, o trio sempre saía sem namorados, esposa, etc.
As noitadas do trio eram regadas a Tequila, Ice, chops, etc. Elas sempre terminavam com mais um dos casos da loira e muita risada para a morena e o professor. Milena tinha um caso com uma amiga de Stella, uma paulista... Esse trio dava o que falar na cidadezinha de Alvorada! Quem detestava as arruaças da tríade era o prefeito Caio Reis, que via nessa união um possível afrontamento político. Não havia a mínima ligação com política a relação do trio até então, mas, para os olhos de um político, qualquer união em que ele não esteja incluído já soa estranho...
Milena manda uma mensagem para Stella, perguntando porque a loira não havia entrado no msn naquele dia. Essa é curta e grossa: "Dei o dia inteiro, meu bem!" Já acostumada com o jeito louco da amiga, Milena cai na gargalhada... "Kaba não, mundão!" - dizia a morena.
Uma hora depois. "Minha filha, já está amanhecendo e você chega em casa com os cabelos molhados?" A mãe da loira é certeira em suas perguntas. "Ai, mamãe, não faz pergunta difícil não... Faz fácil, difícil não!" "Hum hum..." A cara de desaprovação de dona Lia é amedrontadora.
Stella se joga na cama. O sorriso nos lábios era contagiante... "Mãe, você tá feliz?" - pergunta Alexandre, seu filho, acordando com a chegada da mãe. Ela faz cócegas nele e responde: "Mamãe tá muito, muito feliz!" "Ah, que bom! É mais um namorado, mamãe?" "Não, filho... Agora é O namorado!" "Ah, você sempre fala isso..." Stella tenta ficar séria e põe as mãos na cintura. "Rapazinho, olha como fala com a mamãe..." "Desculpa..." "Dá beijo na mamãe, dá..." Alezinho fica de pé na cama e beija a mãe abraçando-a forte. "Mãe..." "Que?" "Te amo, sabia?!" "Hummmmmmmm... Que gostoso! Mamãe também te ama muito!"
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Dublin, Irlanda. Uma hora da tarde. Em frente ao TCD (Trinity College Dublin - a mais antiga universidade do país), Thaynam e Lucas aguardam Henrique. Bem agasalhados, o casal gringo observa a movimentação na badalada Dame Street. A psicóloga toma seu milkshake...

Quinze minutos depois, Henrique e um desconhecido vêm na direção do casal. O amigo de Lucas veste um sobretudo e o outro homem uma calça jeans e um casaco. Lucas fica feliz ao cumprimentar o amigo. Não o via desde o Natal, há duas semanas...

"Olá, Thaynam..." "Oi, querido!" A morena o abraça meio sem graça. "Lucas, Thaynam, esse é Luís, meu namorado." Thaynam engasga com o milkshake e prende a risada. O olhar repressor de Lucas sobre a esposa é certeiro. Ela desvia o olhar e ajeita o casaco. Lucas, com perfeita naturalidade, cumprimenta o rapaz e, pra desfazer o clima chato, pergunta: "Bem, vamos ou não vamos almoçar?"

"Amor, eu vou ali ver um vestido e uma bolsa pra mim e te encontro mais tarde..." - responde a esposa de imediato. Lucas fica furioso. "Você não pode ver essa bolsa mais tarde, Thaynam?" "Não, meu amor... Vai sair de liquidação!" Antes que o marido abrisse a boca novamente, ela já estava atravessando a rua...

"Me desculpem... A Thaynam..." "Esquece, amigo! Há pessoas e pessoas no mundo..." "Bem, vamos almoçar?"

A variedade de comida do restaurante do Trinity College era magnífica. Há dias Lucas não comia bem e precisava se alimentar... Quando chegasse no hotel, o papo com Thaynam seria desgastante... O professor não aceitaria jamais a discriminação da esposa com seu amigo de infância...

Os três rapazes se sentam à mesa. "A crepe with chilly beans and some hot sauce!" "Wow! Ok, sir..." - diz o garçom se retirando... "Amigo, a peça é magnífica! Trata-se de uma adaptação teatral de Shakespeare in love..." "Nossa! E quando será a primeira exibição?" "Amanhã... O Luís interpreta Hugh Fennyman, um businessman do século XVI." ""Caramba, a peça deve ser muito boa então, com essa coisa de era pós-medieval..." "Exatamente, my dear! Recheada de romance, traição, dinheiro, intrigas e tudo mais... Whatever, como diriam os irlandeses!" "Whatever!"
O almoço estava delicioso. Thaynam sequer deu as caras. Lucas, Henrique e Luís vão a Guinness. O biólogo estava irritado. A atitude da mulher havia sido por demais exagerada e infantil. Ele sequer conseguiu tomar a famosa cerveja preta, e ficou no refrigerante.
Alguns minutos depois, Lucas combina com os amigos o horário para se encontrarem a noite e pede licença pra ir embora. O que aconteceria entre Lucas e a esposa?

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2008

Capítulo II - Facere praesagitio!

Três dias depois. Anyne estava, há alguns minutos, deitada no tapete de sua sala. O cheiro de absinto do incensário exalava pela casa. "The litle things" tocava no sim da morena. Ela havia praticado yoga e agora descansava ouvindo música. A campainha toca. Uma visita inesperada deixaria a fisioterapeuta desconcertada.
"Olá." "Olá, minha filha. Boa tarde!" "Boa tarde. A senhora é a..." "Harmonia Reis, prazer!" "Prazer, dona Harmonia. Em que posso ajudá-la?" "Eu posso entrar?" Anyne acha estranho o pedido um tanto nervoso da cartomante. "Pois não..." "Obrigada!"
Harmonia era uma senhora de aparência bem exótica. Tinha por volta dos 60 anos. Cabelos quase brancos e o rosto envelhecido. A criançada de Alvorada poderia jurar que ela era uma bruxa. Usava sempre um véu cinza ou preto sobre a cabeça e falava pausadamente. O povo de Alvorada acreditava que ela já devia ter quase uns 80 anos, dada à aparência envelhecida.
Havia sempre os mais "sabidinhos" que juravam já ter entrado na casa dela e visto um gato preto, um caldeirão e uma vassoura velha. Alguns diziam que ela era a própria "bruxa do 71 de Alvorada". Outros diziam ainda ter certeza absoluta que ela havia feito pacto com o diabo.
Fofocas à parte, Harmonia era, de fato, uma figura mítica e folclórica naquela cidadezinha.
Entretanto, ela era uma mulher muito sábia. Havia curado alguns doentes em Alvorada. Harmonia era a autêntica "rezadeira da cidadezinha do interior"... Só não podia cruzar com uma pessoa: o filho Caio! Este renegava a mãe de todas as formas...
"Então, dona..." "Harmonia..." "Isso! Harmonia..." "Você nunca mais esquecerá meu nome, menina." Anyne sente um calafrio. "Por que, dona Harmonia?" "Isso você saberá mais tarde... O tempo, meu querubim... O tempo! Aquele que cura todas as feridas... O grande mestre!" "Desculpa, mas a senhora tá me assustando..." "Não, não, querida. Não se acanhe não, vixi! Eu lhe quero bem, muito bem..." "Que bom né?!" - A gata sorri meio sem graça.
A velha segura as mãos dela e lhe diz... "A bela morena sabe que eu sou dada às previsões, não sabe?!" "Pois quem não sabe disso?!" "Muito bem. ouça, minha filha. ouça atentamente." O coração de Anyne parece querer sairpela boca. "Que foi?" "Teu homem. Ele corre perigo!" A moça se faz de boba: "Meu homem?" Harmonia arregala os olhos. "Oxe, tu não se faça de besta, menina! Sei melhor que ninguém nesta cidade do teu relacionamento com o professorzinho."
Anyne respira fundo e passa a mão pelos longos cabelos. "Como a senhora soube disso?" "Não importa, garota. Entenda uma coisa: há algo que liga você e o biólogo... Algo que vai além desta vida e um dia tu descubrirás o que te falo. Não é a toa essa paixão que vocês dois têm pela natureza..." "E o que há por trás disso?" "Já disse. Não faça tanta pergunta. O tempo, querubim! Lucas corre perigo." "Que tipo de perigo?" "Eita, sou mísitca, mas não sou profeta, vixi?!" "Tudo bem... Eu posso ajudá-lo?" "Só você pode ajudá-lo!" "Mas como?" "Acalme teu coração, menina! Você precisará de calma. Calma e amor. Muito amor!"
Harmonia segura no queixo de Anyne e se aproxima do rosto dela. A gata percebe as rugas e a expressão assustadora daquela senhora. "Posso lhe perguntar uma coisa, moça?" Gaguejando, ela responde: "Po-pode!" "Você gosta mesmo desse rapaz?" "Do Lucas?" Claro." "Sim. Eu o amo!" A expressão facial de Harmonia muda para um sorriso acolhedor. "Por que dizes que o amas?" "Ai, ele me faz me sentir especial, sabe?" "Especial?" "É... Eu me sinto bem perto dele. Me sinto protegida. Me sinto realizada."
"Ai, o amor... Ser jovem e amar... Eita fase boa!" "A senhora já amou, dona Harmonia?" "Já, minha filha... Amei demais um homem que não valia nada! Foi o pai dos meus filhos..." "Quantos filhos a senhora tem?" "Oxe, já basta de perguntas por hoje! Minha vida já está chegando ao fim, e não vim aqui pra falar dela..." "Nossa... Chegando ao fim... A senhora é tão pessimista!" "Não, menina-índia. Só faço previsões!" "E nesssas previsões o que a senhora viu?" "Você gosta de fazer perguntas né?! Tudo tem seu TEMPO! Ele é sábio..." "Ok..." "Me leva até a porta, querubim?" "Claro!".
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Eram seis e meia. O sol estava se pondo em Alvorada. Enquanto isso, do outro lado do Atlântico, nosso casal amado está voltando para o quarto do hotel, depois de uma deliciosa piscina aquecida. São nove e meia da noite em Amsterdam.
"Thay, pega uma roupa pra mim na mala por favor?" "Tá, amor..." A gata estava secando os cabelos e vai atender ao pedido do marido. "Serve a blusa roxa e dourada e a calça jeans?" "Tá ótimo, meu amor!" Thaynam chega ao banheiro e o chão está todo molhado. "Crianção, dá pra fazer menos bagunçaaaa?" "Tudo bem, esposa mais neurótica do mundoooo!" "Tá aqui sua roupa, amor..." "Aí sobre a pia? Vem cá..." "Ah, eu tô secando o cabelo, bebê!" "Eu não vou te molhar, só quero a roupa..."
A mulher, que já conhecia bem o marido, vai pé ante pé até o blindex da banheira. Ela olha pra ele toda comedida e estende a toalha. "Toma..." Ver a mulher a um metro e meio de distância da banheira segurando a toalha a qual estava enrolada pra não molhar e com outra na mão... Isso faz com que Lucas caia na gargalhada. "Pára, seu bobo! Pega logo essa droga de toalha..." Lucas olha pra ela e ri ainda mais. É a vez de Thaynam dar risada da situação. "Só você mesmo, Lucas... Toma a toalha..." O biólogo estende a mão bem devagar e agarra o pulso da esposa, puxando-a.
O trabalho de secar os cabelos havia ido por água abaixo. Literalmente! A bela foi parar dentro d'água com toalha e tudo... "Ai, eu mato você, Lucas!" Ele faz cara triste e pergunta: "Mata, amor?" (beijo) "Não, bobo! Mas que eu te dou uns tapas, eu dou..." Lucas abraça a mulher, que se arrepia toda.
Em questão de minutos, Thaynam estava sentada sobre seu colo. Lucas a beijava voluptuosamente. "Amor, eu tenho que voltar a secar meu cabelo..." Lucas levanta da água e a coloca contra a parede. Ele começa a beijar a sua nuca, enquanto as mãos dele acariciam a barriga da esposa. Ele deixa a língua passear pela nuca da mulher, e suas mãos já estão nos seios dela. A língua de Lucas desce pelas costas dela deixando-a louca. O movimento frenético que essa língua fazia nas costas de Thaynam a faziam pensar nos seus sonhos mais loucos. Sentir a excitação do marido a excitava em dobro.
Subitamente, Lucas solta a esposa e deita na banheira de novo. "Amor, você disse que precisava fazer o que? Secar os cabelos?" Thaynam desperta e olha nos olhos dele. O canto do sorriso safado do marido instiga o lado provocativo da morena. Ela o puxa da banheira pelos mamilos, e ele faz cara de desentendido. "Que foi, bebê?" Um beijo sufocante responde a pergunta dele. As unhas da gata o arranham com vontade e ele não demonstra uma expressão de dor sequer. "Faz de novo?" Thaynam morde o lábio inferior de Lucas e diz: "Cachorro! Gostou né?!" "Gostei? Talvez... Nem tive tempo de sentir nada..." "Ah, Lucas, agora você vai ver o que é sentir alguma coisa." Ele a abraça forte e ela trança as pernas sobre a cintura dele, que sai da banheira em direção ao quarto.
O banheiro, que molhado estava, agora nem se fala. Aquela seria uma noite em que o frio holandês nem seria tão intenso... Ou talvez não seria percebido!
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Alvorada. Bahia. Seis e meia. Com o sol se pondo, Luciana faz a sua caminhada na praça. Modelito de ginástica e mp3 no ouvido. Padre Ítalo conversava com algumas crianças. O fato atípico de Harmonia sair da grande casa de Anyne chama atenção de alguns olhares curiosos. Luciana, mascando chiclete, aperta o passo e caminha logo atrás da esotérica.
"Saindo da casa de Miss Natureba, coroa?" Harmonia pára. Reconhecendo a voz, ela vira e encara a nora. "Como me chamaste?" "De coroa, oxe. Não é isso que você é, uma velha mal acabada?" "Você? A senhora! Lava a tua boca antes de falar comigo..." Luciana ri. "Tu é meio pancada das idéias mesmo né não?" Harmonia puxa Luciana pelos fios do fone do mp3. "Escuta aqui. O que eu fiz na casa da morena não é da tua conta, perua fútil!"
Luciana quase tem um ataque do coração. "Perua eeeeeu?" "Perua sim! Quem nessa cidade usaria uma roupa de ginástica assim, rosa fluorescente? Só você mesma, menina!" "Mas tá lindinha, vixi?!" Harmonia faz cara de pena e lamentação. "Você é e sempre será uma lata vazia." "Lata? Só se for de Coca Zero." Luciana mastiga mais rápido. "Lata vazia, coisa burra. Daquelas que só fazem barulho, mas são completamente ocas por dentro."
Luciana dá de ombros. "Quero ver a senhora falar isso quando eu virar primeira-dama do Estado." Harmonia respira fundo e fecha os olhos. O tempo fecha e uma ventania passa por Alvorada. A perua até sente frio. Arregalando os olhos, Harmonia diz: "Pois em verdade eu lhe digo, menina. Caio Reis nunca será governador de Estado enquanto eu estiver viva!" Morrendo de medo, Luciana rebate: "Então veremos!"
As árvores da praça balançam bastante. Harmonia abre as mãos como se fosse lançar um feitiço sobre a nora. "Enquanto eu existir sobre essa terra, e puder gritar aos quatro cantos dessa cidade as falcatruas do teu marido, ele não conseguirá mais nada na vida política."
Luciana engole a seco. "Maldita bruxa!" - pensa ela, mas sequer ousa a falar. Harmonia fecha as mãos e cruza os braços. O vendaval começa a diminuir e o céu volta a ficar limpo.
"Agora chispa daqui antes que eu transforme você numa rã fedorenta..."Luciana ensaia um choro. Harmonia estende a mão na direção dela e fecha os olhos. Antes que ela dissesse algo, a perua já estava dobrando na outra esquina.
Harmonia ri e volta a caminhar. "Ola... Tola, fútil e infantil. A mulher ideal para o meu filho mesmo!" A velha caminha um pouco mais. "Boa tarde, padre!" "Boa tarde, dona Harmonia. Como vai a senhora?" "Bem, obrigada... Fique na paz o senhor..." "Vá na paz a senhora também..."
Duas religiões distintas. Duas pessoas distintas. Duas visões de mundo distintas.
Uma única forma de tratamento. Apenas uma: o respeito mútuo!
É... O mundo ainda precisava aprender muito com aquela cidadezinha perdida no litoral brasileiro.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2008

Chapter I - Erat quondam Ventura Urbs...

Amsterdam. January 2nd, 2008. The capital of the Netherlands spread romantism. Lucas looked through the plane windown and observed the wind turbines... Seeing that country of land reclamations would make him miss his motherland. The same as he missed his sweetheart. Lucas couldn't stop thinking of Anyne's smile. The biologist would be far from those sharming dimples for a whole month.
"Honey?" - Sweet Thaynam's suave voice awakes him from his dreams. "A kiss for knowing what this mind is thinking..." Lucas holds his wife, closes his eyes anf caresses her face. "Only one kiss?" (kissing) "Silly boy! As many as you want..." (kissing)
The professor answers: "Looking at this region with land reclamations, I remembered my country... Here people create new land where there was once water. In Brazil, we don't need this..." Thaynam lifts the seat division and lays down on Lucas' legs, looking through the window. "You're right! We live in a blessed country..." "And it's not only this. Our country is free from any natural disaster!" "Oh, God! It's wonderful to have a biologist husband!" (laughing)
"Not biologist... My baby is more than that! He's taking Doctorate Classes now... Wow!" (kissing) "C'me on, honey..." "You're marvellous, Lucas! A perfect man..." "You're the one who is perfect fere, Thay! Oh, I love you so much..." "Wpw... Listening to that in this romantic place is even better..."
The psychologist falls asleep in her husband's arms. Lucas makes himself comfortable on the seat and closes his eyes. The scenes of his wedding party come to his mind. Nobody in the world could imagine how difficult it was for him to marry Thaynam, because he loved two women at the same time. And the worst thing was: he loved both with the saame intensity!
It would take a little bit longer until the plane landed in Netherlander ground.
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Alvorada. Bahia. Brazil. "Dear doctor, sorry, but... My shoulder is killing me... And it's the left shoulder, not the right one!" "Oh, I'm so sorry... I'm not fine today..." "So, doctor, why don't you go home and relax?" "That's it..."Anyne gets the phone and calls her friend John. "Honey, can you finish this session for me?" "For sure, my dear..." In a couple of seconds, Doctor John would replace the physiotherapist in her work. The pretty brunette takes up her coat and goes home...
Anyne strikes her incenses and opens the windows of her huge family room. She needed to meditate and stretch her body.
7 p.m. The sunset in Alvorada was really beautiful. Thaís was late. She dried her hair quickly and made herself up in front of a big mirror in her bedroom. "Sun ray" would arrive within five minutes. Mrs. Ann passes through the corridor and sees her daughter worn.
"Honey, are you leaving tonight again?" "Yep, mum..." "And where are you going, my love? Mom gets worried with this hangings out. It's getting dark outside and..." The girl kisses her mother, takes up her coat and leaves before her mother finished talking...
"Bye-bye, mom... I love you!"
"Oh, God... Take care of my baby... She's so naif..."
An Audi C4 stops in front of Lucas' house. The maid's daughter shakes her hair and opnes a big smile when she sees "Sun Ray". The man says: "Are you ready, "Little Star"?" "Yes, I am! My "sun ray"..."
The man drives around the square and passes in front of the St. Patrick's Cathedral. While Priest Italo was preaching, he saw the car. The religious was the only one who knew the true identity of "Sun ray". "Poor Thaís... My Lord, protect her!" - thought the priest.