domingo, 17 de fevereiro de 2008

NOVA VERSÃO do Capítulo III - Ridiculus praeiudicata opinio

Dublin, Irlanda. Lucas tomava um chocolate quente sentado numa cadeira perto do telefone do quarto do hotel. O biólogo observava a esposa durmindo. Aquele sono leve era o mesmo desde o dia da lua-de-mel, em que ele mal houvera conseguido durmir.

A luz do celular acende. Uma ligação no início da manhã nunca seria de Anyne. Seu outro amor nunca ligaria nesse horário, pois sabia que ele estava com a mulher. Pé ante pé ele vai até a cama e pega o aparelho. Era Henrique, seu amigo de infância. O professor ficou ainda mais confuso.

"Fala, meu brother!" "Lucas?" "Eu..." "Nossa, irmão, que saudade de você..." "É mesmo... Como você está?" "Ótimo! Te liguei para te fazer um convite..." "Convite? Eu tô fora do Brasil, mané!" "Exatamente, Luquinhas! Meu grupo de teatro está com uma apresentação única e imperdível... E adivinha onde? No National Theatre, em Dublin..." "Na Irlanda?" "Exato! Fomos convidados a participar do Musical de Inverno..." "Nossa, que fantástico!" "E você e Thay, estão na Irlanda já ou em Amsterdam ainda?" "Não, já estamos em Dublin. Chegamos ontem a noite e Thaynam tá durmindo ainda... Quando você chega?" "Hoje... Estou no Aeroporto de Madrid, onde fizemos conexão e estou indo praí..." "Me ligue quando chegar... A gente sai pra almoçar junto!" "Perfeito, irmãozinho..." "Beleza..."
Thaynam acorda. "Amor, você já levantou? Tava no telefone, aconteceu alguma coisa?" "Não, minha linda... Foi o Henrique, que ligou pra avisar que aquele grupo maluco de teatro tá se apresentando aqui em Dublin..." "Jura? Ai, que delícia!" "Uhum..." "E qual é a peça?" "Ixi, num faço idéia... Nos falamos rápido!" "Hum..." "Deve ser algo de Shakespeare, porque o musical desse ano é tributo a ele!" "Você nem gostou disso né?!" "Amei!"
Lucas vai ao banheiro enquanto a mulher se arruma. "Meu lindo, e o que faremos hoje?" "Olha, amor, pensei em visitarmos a fábrica da Guinness, que é uma cerveja tradicional irlandesa... A famosa cerveja preta!" (risos) "Hum, adooooooro!" "Eu só vou por curiosidade mesmo, porque eu detesto cerveja..." "E eu não sei? Quem já ficou ferrado por conta de cerveja?" "Quem? Eu não!" "Palhaço! Você sim... No último niver de Helen... Acha que eu esqueci?" "Ah, mas não foi pela cerveja e sim pela mistura dela com outras coisas..." "Tá bom, Sr. Lucas..." (beijo)
"A gente vai lá e depois almoça com o Henrique, tá?!" "Beleza..."
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Alvorada. Seis da manhã. O sol estava aparecendo em Alvorada. Stella chega em casa com os cabelos molhados. A loira vinha de um dos motéis da Br que ligava Alvorada a Itacaré, uma outra bela cidade baiana. "Casinha de boneca" era a expressão que o "trio Parada Dura" usava para suavizar a idéia de "motel"... Lucas, Milena e Stella eram grandes amigos e viviam nas baladas. Como Stella não se dava muito bem com Thaynam, que achava a loira antipática, o trio sempre saía sem namorados, esposa, etc.
As noitadas do trio eram regadas a Tequila, Ice, chops, etc. Elas sempre terminavam com mais um dos casos da loira e muita risada para a morena e o professor. Milena tinha um caso com uma amiga de Stella, uma paulista... Esse trio dava o que falar na cidadezinha de Alvorada! Quem detestava as arruaças da tríade era o prefeito Caio Reis, que via nessa união um possível afrontamento político. Não havia a mínima ligação com política a relação do trio até então, mas, para os olhos de um político, qualquer união em que ele não esteja incluído já soa estranho...
Milena manda uma mensagem para Stella, perguntando porque a loira não havia entrado no msn naquele dia. Essa é curta e grossa: "Dei o dia inteiro, meu bem!" Já acostumada com o jeito louco da amiga, Milena cai na gargalhada... "Kaba não, mundão!" - dizia a morena.
Uma hora depois. "Minha filha, já está amanhecendo e você chega em casa com os cabelos molhados?" A mãe da loira é certeira em suas perguntas. "Ai, mamãe, não faz pergunta difícil não... Faz fácil, difícil não!" "Hum hum..." A cara de desaprovação de dona Lia é amedrontadora.
Stella se joga na cama. O sorriso nos lábios era contagiante... "Mãe, você tá feliz?" - pergunta Alexandre, seu filho, acordando com a chegada da mãe. Ela faz cócegas nele e responde: "Mamãe tá muito, muito feliz!" "Ah, que bom! É mais um namorado, mamãe?" "Não, filho... Agora é O namorado!" "Ah, você sempre fala isso..." Stella tenta ficar séria e põe as mãos na cintura. "Rapazinho, olha como fala com a mamãe..." "Desculpa..." "Dá beijo na mamãe, dá..." Alezinho fica de pé na cama e beija a mãe abraçando-a forte. "Mãe..." "Que?" "Te amo, sabia?!" "Hummmmmmmm... Que gostoso! Mamãe também te ama muito!"
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Dublin, Irlanda. Uma hora da tarde. Em frente ao TCD (Trinity College Dublin - a mais antiga universidade do país), Thaynam e Lucas aguardam Henrique. Bem agasalhados, o casal gringo observa a movimentação na badalada Dame Street. A psicóloga toma seu milkshake...

Quinze minutos depois, Henrique e um desconhecido vêm na direção do casal. O amigo de Lucas veste um sobretudo e o outro homem uma calça jeans e um casaco. Lucas fica feliz ao cumprimentar o amigo. Não o via desde o Natal, há duas semanas...

"Olá, Thaynam..." "Oi, querido!" A morena o abraça meio sem graça. "Lucas, Thaynam, esse é Luís, meu namorado." Thaynam engasga com o milkshake e prende a risada. O olhar repressor de Lucas sobre a esposa é certeiro. Ela desvia o olhar e ajeita o casaco. Lucas, com perfeita naturalidade, cumprimenta o rapaz e, pra desfazer o clima chato, pergunta: "Bem, vamos ou não vamos almoçar?"

"Amor, eu vou ali ver um vestido e uma bolsa pra mim e te encontro mais tarde..." - responde a esposa de imediato. Lucas fica furioso. "Você não pode ver essa bolsa mais tarde, Thaynam?" "Não, meu amor... Vai sair de liquidação!" Antes que o marido abrisse a boca novamente, ela já estava atravessando a rua...

"Me desculpem... A Thaynam..." "Esquece, amigo! Há pessoas e pessoas no mundo..." "Bem, vamos almoçar?"

A variedade de comida do restaurante do Trinity College era magnífica. Há dias Lucas não comia bem e precisava se alimentar... Quando chegasse no hotel, o papo com Thaynam seria desgastante... O professor não aceitaria jamais a discriminação da esposa com seu amigo de infância...

Os três rapazes se sentam à mesa. "A crepe with chilly beans and some hot sauce!" "Wow! Ok, sir..." - diz o garçom se retirando... "Amigo, a peça é magnífica! Trata-se de uma adaptação teatral de Shakespeare in love..." "Nossa! E quando será a primeira exibição?" "Amanhã... O Luís interpreta Hugh Fennyman, um businessman do século XVI." ""Caramba, a peça deve ser muito boa então, com essa coisa de era pós-medieval..." "Exatamente, my dear! Recheada de romance, traição, dinheiro, intrigas e tudo mais... Whatever, como diriam os irlandeses!" "Whatever!"
O almoço estava delicioso. Thaynam sequer deu as caras. Lucas, Henrique e Luís vão a Guinness. O biólogo estava irritado. A atitude da mulher havia sido por demais exagerada e infantil. Ele sequer conseguiu tomar a famosa cerveja preta, e ficou no refrigerante.
Alguns minutos depois, Lucas combina com os amigos o horário para se encontrarem a noite e pede licença pra ir embora. O que aconteceria entre Lucas e a esposa?

7 comentários:

jonas menezes disse...

hummm...bem interessante, já podemos perceber que o preconceito tupiniquim vai além fronteiras,e se suaviza com pitadas delicadas de desculpas, esse é pior,em que nunca se fala de frente e abertamente,na qual o sujeito nunca discursa e coloca seus argumentos...abraços e té mais!!!!

Anônimo disse...

You've stooped to translate your story in English! Not enough people was reading, or just it takes you too much time ?


So ....

Anônimo disse...

Esse conto tá começando a chegar
num assunto q me interessa muito o
preconceito!Essa semana um amigo
me revelou q era Gay. Ele tá passando por isso hoje!!! Gostei
Douglas!!! Bjosssssssssss

Anônimo disse...

Dooug

tah muitooo bom! ^^

tb.. cum um escritor desse neh?!

xD

beejo;

Anônimo disse...

quero ver aonde isso vai dá sabe..
aaaamo seus contos! =P

;*

Anônimo disse...

Em primeiro lugar quero te dizer, que tava com saudades do seu blog!
Lucas vai com certeza dizer umas poucas e boas a esposa. Por tanta discriminação por o amigo dele ser gay, pois isso é uma coisa natural hoje em dia! Mas infelizmente ainda
existem pessoas como ela. Ameiiiii
mais uma vez o tema (preconceito)tá deixando o conto muito interessante. Bjosssssssssssss

Lô A. disse...

Nossa!! Cada vez dá vontade de ler mais, cara..que isso ^^

Parabéns!!Fez uma ótima abordagem sobre preconceito.

Beijo,

Lorena